A mata de olhos úmidos
refletia a manhã.
Crianças escalam pedras
escorregam no limo
e ao lado
o riso da cascata.
Revoada de borboletas.
Restou uma fotografia.
Alguém leu certo dia
num autor apócrifo:
Os meninos se chamavam
André
Braz
Olavo...
e havia uma menina. Seu nome:
Elizabeth
Mas Amor que nome tem quando completo?
Eram outros também. Sabe-se que a menina
desembaraçara as crinas do Unicórnio
nas espumas do Lago.
Formas estranhas de pedras.
A mata as lambia (como a suas crias)
num colo de musgos.
Perto
lírios de gosma e perfume:
reis coroados -
Salomão e a Rainha de Sabá
em fascinado colóquio.
As crianças se foram
ficou a fotografia
irradiando:
é um sorriso só
imagem
sem conceito algum
Dizei-me: o que se resgata desse instante?
Que fulgor não se apaga para lá
no momento que somos?
Com seu dedo leve
o eterno caça-nos além
do tempo breve.
Dora Ferreira da Silva
In Poemas da Estrangeira
arte Diane Leonard
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