Sob as primeiras luzes de janeiro,
sente ainda enfunar-se a alma rota
de cinquenta e oito anos nas derrotas
que vai singrando, rude aventureiro.
Medita, nesta praia de janeiro,
sonhando nas espumas novas rotas.
Sua alma é ainda a mesma: essas derrotas,
e os oceanos, e os ventos, e o veleiro.
Alma rota, porém ainda capaz
de respirar palmares e areias
virgens, e ir à sua busca, até que a paz
pouse nas velas e acenda no mar
- doce de azuis abismos e sereias -
um dia lindo para naufragar.
Ruy Espinheira Filho
In Estação Infinita e Outras Estações
arte Elizabeth Blaylock
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